Nad(i)a a dizer ou O que faço das cinzas?

Paulo Emílio (Pinto)

Mote – "Nad(i)a a dizer ou O que eu faço das cinzas" é um projeto de referência auto/biográfica expandida, pois também toca o tecido e as vísceras sociais. É uma cartografia sentimental particular que tem como mote a vivência concreta de perdas afetivas na pandemia e outras perdas (liberdade de ir e vir, trabalho, estudo, saúde, oportunidades etc.).

“O que faço das cinzas?” será a busca primeira de como posso rememorar o afeto, como devoção e denúncia, diminuindo a dor, pensando também no desaparecimento de minha avó, meus tios e primos, meus amigos e ex-alunos, conhecidos e as mais de meio milhão de pessoas que  foram mortas pelo descaso de um governo corrupto, imoral e genocida, reflexo de um país que trata da mesma forma as pessoas LGBTQIA+, como eu e Nádia. “O que eu faço das cinzas?” traz da poeira mitológica ancestral a imagem da fênix, que da fumaça cinzenta renasce fortalecida de esperanças, na expectativa de alguma encarnação de alegria poética  no cotidiano de uma áspera resistência.