CRIAÇÃO DO NADA

“O caracter chinês wu indica a ausência de algo. O sentido de negar, de não fazer, na antiguidade, estava conotado com o ato de dançar.”

 

No alfabeto japonês existe um caracter, mu, cujo significado é ‘não’ ou ‘sem’, podendo ainda significar ‘nada’, ‘não ter’, ‘não ser’. Já o caracter chinês wu, que também indica a ausência de algo, originalmente significava ‘dançar’. O sentido de negar, de não fazer, de não ter nada para fazer, estava conotado com o ato de dançar.

 

 

CRIAÇÃO DO NADA é um programa que surge da urgência de criar um novo paradigma que reequilibre a produção artística. Num contexto de impasse social e político, num cenário de chantagem de crescimento económico da vertigem consumista capitalista que nos torna reféns de estímulos imediatos e necessidades passageiras, propomos um programa de pensamento e reflexão.

 

 

Propomos libertarmo-nos da chantagem de produzir e explorar o que podemos ainda fazer para não alimentar os circuitos de produção excessivos, para nos reencontrarmos com a curiosidade e o interesse pelos outros, numa motivação genuína, alternativa ao capitalismo desenfreado.

Propomos uma renovação do sentido de procura e de partilha como desafio radical: que desliguem os canais que habitualmente se ativa para desenvolver projetos, disponibilizando-se para um trabalho aberto à mudança e ao risco.

 

Pretendemos provocar contextos de pausa, movimentos provocadores que desafiem a “normalidade”; que testem e imaginem outras possibilidades de fazer e estar em sociedade de forma mais integralmente ecológica e sensível, por via do recurso ao pensamento crítico e à arte, tendo o corpo e a dança um papel fundamental neste movimento.

 

Para tal, convocamos artistas, instituições, investigadores e profissionais do conhecimento, independentemente da área em que atuam, ao questionamento desta aceleração e os seus impactos.

 

HAIKU de Joana Magalhães - foto de Vasco Ferreira

HAIKU de Joana Magalhães - foto de Vasco Ferreira